Há 6 anos, quando eu comecei a acompanhar Fórmula 1, conheci um site chamado Grande Prêmio. Um site especializado em notícias sobre F1 e automobilismo em geral. Há uns 3 anos eles lançaram um concurso chamado “O Grande Estagiário”, mas como era só pra universitários não pude participar. No ano passado fizeram a 2ª edição do concurso, mas eu, por preguiça, não participei. E agora eis que eles surgem com a 3ª edição e eu, claro, não pude deixar a oportunidade passar de novo.
Mandei minha redação, com o tema obrigatório “A Crise Internacional e Eu”. Eu gostei muito da redação e senti que eu poderia ser selecionado com ela. Felizmente eu estava certo, ao final do período de envio das redações, vi meu nome divulgado no site como um dos aprovados para fazer a próxima fase da seleção. Ótimo! Mas... Essa fase seria realizada em São Paulo. Isso foi na quinta-feira e eu deveria confirmar presença até sexta-feira. Sendo que eu deveria estar na redação do site na segunda-feira seguinte às 8h da manhã. Meu pai, por algum milagre dos céus, aceitou bancar a viagem e eu pude confirmar presença.
Passei todo o final de semana ansioso pela viagem, ainda mais porque eu iria sozinho. Seria muito interessante ir a uma cidade diferente e me virar nela sozinho. Era algo que me parecia bastante divertido, ainda mais porque eu gosto muito de cidades. Eu não via a hora de viajar.
Desmaiei um pouco depois das 3h da manhã em Resende e acordei dentro de um engarrafamento. Não tive dúvida, eu estava em São Paulo. Olhei então para o belo céu roxo da cidade e... Roxo? Sim, leitores, o céu da cidade de São Paulo estava roxo. Uma tonalidade que eu nunca tinha visto no céu. O tempo estava meio nublado, eram 6h15 da manhã... E a Marginal Tietê já estava congestionada, claro. Pra que esperar até as 7h da manhã quando se pode começar um engarrafamento às 6h?
Na rodoviária do Tietê tomei um prejuízo de quase 5 reais pra beber um chocolate quente e comer um pão de batata que não era lá essas coisas. Segui as plaquinhas do metrô e encontrei uma fila. Sim, era a fila pra comprar passagem. A partir daí as comparações foram inevitáveis. Passei a comparar Rio e São Paulo o tempo inteiro. A fila pra comprar bilhetes no metrô de lá é mais organizada. Assim que cheguei na plataforma um trem saiu e segundos depois (sim, segundos, não levou nem um minuto) chegou outra composição com destino a um daqueles nomes estranhos que só São Paulo tem. Com um intervalo mínimo desses, era impossível o metrô sair mega lotadão como acontece aqui, em que o embarque no horário do rush parece uma evacuação de zona nuclear. A única estação mais cheia era a Sé, mas exatamente por isso, ela contava com seguranças nas portas e com uma espécie de portal para organizar o embarque. Metrô Rio precisa fazer um cursinho na cidade-do-céu-roxo. Ah, mas que fique bem claro que o metrô de São Paulo não tem ar-condicionado. Imaginem então se fosse cheio igual ao do Rio...
Após uma tranqüila baldeação na estação Paraíso (as pessoas não tentam matar umas às outras só pra conseguirem chegar na outra plataforma), cheguei finalmente à Avenida Paulista. Mas... Espera aí. Cadê a grandiosa e lendária Av. Paulista? Achei que eu fosse ser jogado numa selva de pedra com prédios imensos e fosse encontrar uma avenida com 4 pistas e 16 faixas de rolamento, todas elas engarrafadas, pessoas gritando, carros subindo nas calçadas, executivos mal-humorados sob o calor insuportável da poluição, essas coisas aí. Ledo engano. A Av. Paulista só tem duas pistas e 8 faixas. Não vi um engarrafamento sequer (mas isso eu acho que se deve ao rodízio), o trânsito andava na mais perfeita ordem, as calçadas eram largas, totalmente adaptadas para deficientes, muitos ônibus também eram, não tinha tanta gente assim e não estava calor. Isso eu estou falando da Av. Paulista, somente. Acho que a camada de poluição reflete os raios do sol. Às 8h da manhã o céu da cidade era branco. Simplesmente branco. Como se não tivesse céu. Não havia nuvens, era tudo um enorme branco.
Passei 6h dentro da Agência Warm Up fazendo as provas do processo seletivo e conversando com os jornalistas do site, Victor Martins e Marcus Lellis. Eram questões como:
- Escreva o nome de todas as equipes e pilotos que terminaram a temporada de 2008 da F1. (Eu não consegui lembrar do David Coulthard).
- Nome do chefe da Force India. (É Vijay Mallya, eu escrevi Vilaj. Só).
- O que tem em comum Nelsinho Piquet, Romain Gorsjean e Scott Dixon? (Eu marquei que era o fato deles correrem por países diferentes do quais nasceram, Nelsinho nasceu na França, eu acho, Gosjean na Suíça e o Dixon eu não sei).
- Quantos brasileiros correm atualmente na F-Indy? (Marquei 4).
- Quem é o piloto de testes da BMW? (Christian Klien, alguém lembrava dele? Pois é, eu também não, como era discursiva deixei em branco).
Com menos de 1h de conversa eu já tinha me acostumado com o sotaque dos caras. Se fator social contar pra essa seleção, eu vou sair na frente, porque os outros dois candidatos ficaram bem acuados e não falaram quase nada. Um deles já era formado pela ESPM do Rio e estava participando pela segunda vez. Quando eu já estava terminando a última das provas, chegou o dono do site, Flavio Gomes. Desde que eu conheço o Grande Prêmio que eu sou fã do Flavio Gomes, mas eu não podia ficar pagando de tiete ali por dois motivos. Primeiro porque isso é ridículo. Segundo porque ia parecer que eu só tava querendo puxar o saco do cara pra ganhar a vaga. E se eu conheço o Flavio, ele deve odiar puxa-sacos.
Durante as minhas 6h na redação do site eu ouvi coisas interessantes como “Rubinho na Stock em 2009” e coisas bizarras como um diálogo que eu não pude ignorar. Assim que ele terminou eu anotei pra poder não esquecer:
Marcus Lellis – Tem alguma fofoca aí?
Victor Martins – Parece que uma revista disse que tem dois pilotos gays.
ML – Um é o Sutil, com certeza.
VM – Eu acho que é o Rosberg. Já viu como ele anda? (Victor levanta e imita Rosberg andando) É uma bichona. Ele anda rebolando, todo pimpão. (Pimpão?) Nakajima também. O outro parece que é o Button.
ML – O Button? (Surpreso)
VM – Pois é.
ML – O Button pegou a Érika.
VM – Puta! A Érika? Ainda bem que eu não vi essa cena.
(Segue uma breve discussão sobre os dotes estéticos da tal Érika)
VM – Cara, se só sobra eu e a Érika no mundo e Deus diz que a humanidade depende da gente pra continuar, eu respondo: “Então acabou aqui”.
Talvez Victor Martins esteja certo
No mesmo prédio onde funciona essa agência também funcionam o iG e a Jovem Pan. Infelizmente eu não consegui terminar as provas a tempo de ir à rádio e ver o Pânico. O Victor e o Marcus foram e voltaram rindo, dizendo que o Christian Pior é gay de verdade e que a Sabrina é ainda mais gostosa ao vivo. Eu ainda tentei ir lá pra ver se encontrava com a galera que me faz rir domingo à noite, mas não achei a rádio. Na agência os caras comentavam sobre o 22º, mas lá me falaram que era no 21º, onde também não tinha nada de Jovem Pan. Como meu intestino resolveu começar a revirar, eu achei melhor vir embora. Nem passei na 25 de Março pra comprar as muambas que eu queria.
No final das contas, estar em São Paulo, andar pela cidade (ainda que muito pouco), conhecer coisas novas, respirar novos (e poluídos) ares valeu como uma experiência de vida muito legal. Eu achei que fosse odiar São Paulo. Já cheguei lá com todos os preconceitos possíveis e imagináveis que um fluminense pode ter contra a capital paulista e fiquei surpreso ao ver que a cidade não é uma zona como a TV faz parecer. Eu, que sempre gostei de alimentar a rivalidade Rio X São Paulo, hoje vou dormir com uma mentalidade diferente, sabendo que ali na outra ponta da Dutra tem uma cidade muito legal, à qual eu pretendo voltar outras vezes.
Só pra concluir:
The Bias diz (09:20):
arthur, gostei da sua terra!
The Bias diz (09:20):
hahaha
Arthur Jacob diz (09:22):
uhahuahhuahua
Arthur Jacob diz (09:22):
vc gostou pq só ficou lá 1 dia
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Tá, né?